terça-feira, 15 de novembro de 2011

ABORTO

BREVE HISTÓRIA DO ABORTO
 .


"Nem sempre se tem em conta que as leis que proíbem o aborto na maioria dos Estados são relativamente recentes. Essas leis, que em geral proíbem o aborto consumado ou tentado em qualquer altura da gravidez salvo quando é necessário para salvar a vida da grávida, não têm origem em tempos remotos. Antes, essas leis foram aprovadas, na maior parte dos casos, nos finais do século XIX..." (Roe vs Wade. Supremo Tribunal de Justiça  dos .E.U.A. 1973.)


                                   Em poucas palavras pode-se dizer o seguinte: o aborto foi sempre muito perigoso, pelo que era raro e, quando se fazia, ou falhava ou matava mãe e filho. O resultado de tudo isto é que o infanticídio acabou por ser preferido ao aborto. A Igreja Católica condenava o aborto - o aborto aparece explicitamente condenado na primeira página de um escrito cristão do século I, o Didaké - mas os seus teólogos e moralistas discutiam diferentes graus de gravidade. Em geral, na Europa e na América, as leis civis seguiam a lei canónica.

                                Por volta de 1750 encontrou-se uma técnica de aborto que, embora continuasse a matar muitas mães, constituiu um enorme "progresso".  
                                Na seqüência da descoberta que permitia abortos com, comparativamente, alguma segurança, a rejeição do aborto abrandou e este chegou mesmo a ser legalizado em muitos Estados. E, quer fosse legal quer não, o aborto no século XIX tomou-se uma prática muito vulgar.

                                Contudo, a legalização teve por base os conhecimentos científicos da época. Grosso modo, pensava-se que cada espermatozóide é um homem que se limita a crescer dentro do útero. Porém, em 1827 Karl Emst von Boar descreveu pela primeira vez o processo de concepção, e em meados do século XIX os médicos estavam já completamente convencidos da existência desse processo. Muitos médicos iniciaram então uma campanha para proibir o aborto. A frase que todos pensam ter sido inventada pelo Vaticano "a vida humana começa no momento da concepção", data, de fato, dessa campanha iniciada pelos cientistas no século XIX. Um outro slogan dessa campanha era precisamente "adoção em vez de aborto".

                                Na seqüência de todos estes sucessos, o parlamento inglês baniu o aborto, em 1869, aprovando o Offences Against the Person Act. Foi o primeiro país a fazê-lo. Por seu lado a American Medical Association, em dois relatórios (1857 e 1870), estabeleceu sem margem para dúvidas que o aborto era inaceitável.
                                No relatório de 1871 pode-se ler o seguinte: "A única doutrina que parece estar de acordo com a razão e a fisiologia é aquela que coloca o inicio da vida no momento da concepção. (...) O Aborto é uma destruição massiva de crianças por nascer. (...) A proibição de matar aplica-se a todos sem exceção, independentemente do ponto de desenvolvimento em que a vitima está. (...) Seria uma traição à profissão que um médico fizesse um aborto. Os médicos que o fazem desonram a medicina, são falsos profissionais, assassinos cultos e carrascos."

                                Para o relatório de 1851, o aborto é "o massacre de um número sem fim de crianças".

                                Na seqüência destes dois relatórios, o aborto foi proibido praticamente por toda a parte.

                                No Diário da Assembléia da República Portuguesa, de 20 de Fevereiro de 1997, páginas 327 e 328, aparece um breve esboço histórico sobre o aborto. Curiosamente, o relator fala de muitos gregos que aceitavam o aborto (o relator não diz que eles - isto é, Aristóteles e Platão - aceitavam também o infanticídio) e refere um médico - Asclepíades - mas esquece-se de referir Hipócrates e o seu juramento, que proíbe explicitamente o aborto, e que todos os médicos são obrigados a jurar. O relator fala do aborto na Idade Média (ponto 8, p. 328) e passa para o aborto nos anos 60/70 do século XX... como se a proibição do aborto viesse da Idade Média. Também não explica por que foi proibido o aborto no século XIX, que é o ponto crucial em toda esta questão. 

                                Havia dois tipos de métodos: químicos e físicos. Os primeiros consistiam em venenos que se esperava matassem o filho mas não a mãe; os segundos consistiam em traumatismos diversos: pancadas no abdômen, montar a cavalo horas a fio, etc. Estes métodos, além de poderem matar a mãe, provocavam muitas lesões.

                                Quando os portugueses chegaram ao Japão, no séc. XVI, numa altura em que a cultura européia era contra o infanticídio, ficaram impressionados com a facilidade e freqüência com que as japonesas matavam os seus filhos recém-nascidos.

                                Até ao dia 15 de Agosto de 1930 as Igrejas cristãs estavam de acordo na proibição do aborto. Nessa data, em Lambeth, os anglicanos passaram a aceitar o aborto em certos casos.

                                É possível que esta técnica tenha sido, de fato, uma redescoberta. Tertuliano (150-225), no Tratado da alma, descreve um método de aborto muito parecido com o atol dilatação e extração.

                                O leitor interessado em aprofundar a questão poderá consultar J. Dellapenna, The History of Abortion, Technology, Morality. and Law. University of Pittsburgh Law Review. 1979.
2- História antiga

Era uma vez, lá na Judéia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.

E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.

Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.


3- PERSONALIDADE

                                   A personalidade e muitos traços psicológicos começam a definir-se antes do nascimento:

"Em última análise a forma como ele se vê a si próprio e, conseqüentemente, age como uma pessoa triste ou alegre, agressiva ou ponderada, segura ou ansiosa, depende, em parte, da leitura que ele fez de si próprio dentro do útero".(Cf. T. Verney & J. Kelly, The Secret Life of the Unborn Child, Delta Books, 1981, p. 12)

"O risco de dar à luz um filho com problemas físicos e psicológicos aumenta 273% nas mulheres que têm um casamento infeliz.".
(Cf. T. Verney & J. Kelly, The Secret Life of the Unborn Child, Delta Books, 1981, p. 49)
"Já sabemos que o tecido nervoso do embrião está aberto à comunicação com a mãe via certos compostos químicos do cérebro chamados "neurotransmissores". Esta descoberta tem imensas implicações. Significa que o estado emocional da mãe pode afetar o seu bebe PRATICAMENTE DESDE A CONCEPÇÃO. Mesmo antes de o bebe conseguir ouvir dentro do útero, ou pensar conscientemente, ele é capaz de sentir uma discórdia entre os seus pais. Se a mãe está permanentemente tensa ou agitada, o ambiente do filho vai estar constantemente inundado pela bioquímica do medo, da hostilidade, da angústia ou da zanga."(Cf. Shettles & Varick, Rites of Life, Grand Rapids: Zondervan, 1983, pp. 87-89) 



3.1- SENTIDOS


                                   O bebe no útero tem sentidos e usa-os:

"Entre a sexta e a sétima semana (...) se tocarmos suavemente os lábios, o bebe responde virando o corpo para um lado e fazendo um movimento rápido com os braços. A isto chama-se "total patern response" porque envolve a maior parte do corpo e não uma parte localizada."(L. B. Arey, Developmental Anatomy, (6th ed.), Philadelphia: W. B. Sanders Co., 1954)

Às oito semanas, "se tocarmos o nariz do bebe, ele afasta a cabeça para longe."
(A. Hellgers, M.D., "Fetal Development, 31," Theological Studies, vol. 3, no. 7, 1970, p. 26 )

"A audição está presente no bebe 14 semanas após a concepção. Isto envolve um cérebro a funcionar e padrões de memória."(Cf. M. Clemens, "5th International Congress Psychosomatic," OB & GYN, Rome: Medical Tribune, Mar. 22, 1978, p. 7.)

"Música muito alta leva o bebe a tapar os ouvidos. Aos quatro meses e meio, uma luz muito forte colocada sobre o abdómen da mãe, leva o bebe a tapar os olhos."
(T. Verney & J. Kelly, The Secret Life of the Unborn Child, Delta Books, 1981, p. 49)

"Aos dois meses umas batidas na bolsa de líquido amniótico resulta em movimentos dos braços... o cérebro recebe o estímulo, escolhe uma resposta e transmite um sinal aos braços". (Cf. M. Rosen, Learning Before Birth, Harpers Magazine, April 1978.)


"As papilas gustativas começam a trabalhar entre a décima terceira e a décima quinta semanas de gestação."(Cf. Mistretta & Bradley, Taste in Utero, 1977, p. 62.)
                                    Todos os 20 dentes de leite estão presentes a meio da sexta semana. ("Life Before Birth," Life Magazine, Apr. 30, 1965, p. 10).

                                    Convém observar que bebês com as características acima descritas podem ser legalmente abortados em Portugal. Conviria só saber quantas mulheres aceitariam abortar os seus filhos no caso de serem informadas com honestidade: "O seu filho ouve, vê, é sensível aos sabores, o cérebro trabalha, reage, afasta o nariz, o coração bate, já lá estão os dentitos ..."


3.2- PENSAMENTO


 "Quando um adulto prepara algum movimento a partir de uma posição de repouso, a sua pulsação sofre um aumento alguns segundos antes do movimento. Da mesma forma, a pulsação do bebê aumenta seis a dez segundos antes de iniciar um movimento."
(N. Lauerson & H. Hochberg, "Does the Fetus Think?" JAMA, vol. 247, no. 23, July 18, 1982.)


3.3- EMOÇÕES

"Hoje sabemos que o bebe dentro do útero é um ser humano ATENTO ao seu meio e INTERAGINDO com ele. Sabemos também que a partir do sexto mês (e eventualmente antes disso) tem uma vida emocionalmente ativa."
(Cf. T. Verney & J. Kelly, The Secret Life of the Unborn Child, Delta Books, 1981,
p. 12)

Talvez convenha repetir esta característica das "couves": "Sabemos também que a partir do sexto mês (e eventualmente antes disso) tem uma vida emocionalmente activa." 

Pela nona semana o bebê "aperta com os seus deditos qualquer objecto que se lhe coloque na palma da mão" (Cf.Valman & Pearson, "What the Fetus Feels," British Med. Jour., Jan. 26, 1980)

                                    "Sabemos que o bebê se move com uma graça deliciosa dentro do seu mundo flutuante, sabemos que o conforto determina a sua posição. Ele responde à dor e a qualquer toque, bem como ao frio, ao som e à luz. Ele bebe o líquido amniótico: bebe mais quando o líquido é artificialmente açucarado e bebe menos quando o sabor é desagradável. Ele acorda e adormece. Ele enfada-se com sinais repetitivos mas fica muito desperto mal aparece um sinal diferente.

                                    "É este o feto que nós agora conhecemos e o feto que nós fomos um dia. É este o feto que nós vemos na obstetrícia moderna, o mesmo bebê que nós acompanhamos e tratamos antes e depois do nascimento, que antes do nascimento pode estar doente e precisar de diagnóstico e tratamento tal e qual como qualquer outro paciente."(Cf. A. Liley, A Case Against Abortion, Liberal Studies, Whitcombe & Tombs, Ltd., 1971) 


3.4- APRENDIZAGEM


                                    "A um nível elementar o bebê pode aprender dentro do útero"
(Cf. T. Verney & J. Kelly, The Secret Life of the Unborn Child, Delta Books, 1981, p. 12)


3.5- SONHOS

                                    "Usando ultrasons foi possível mostrar que os REM (rapid eye movements), que são característicos dos momentos em que se sonha, estão presentes em bebês com 23 semanas de gestação."
(Cf . J. Birnhaltz, "The Development of Human Fetal Eye Movement Patterns," Science, 1981, vol. 213, pp. 679-681)

                                    "Depois deste estudo, já se encontrou sono REM em bebês com 17 semanas de gestação." (Cf. S. Levi, Brugman, American Medical Association News, February 1, 1983)



3.6- INTENCIONALIDADE


                                    O Dr. Freud (neto do célebre psicanalista de Viena) acompanhou mais de 10000 ecografias e, segundo ele, "Parece que o feto tem muitíssima intencionalidade"

                                    Uma vez foi-lhe mesmo possível observar dois gémeos à luta (o que, naturalmente, supõe intenção!) (Cf. 1st International Congress, Pre & Peri Natal Psychology, Toronto, July 8-10, 1983) 


3.7- CHORO


Os Bebês, antes de nascer podem chorar como qualquer bebê nascido. Só não se ouve por falta de ar, mas...

"(...) [o médico] injectou uma bolha de ar dentro da bolsa de líquido amniótico e depois fez uma radiografia. Aconteceu, porém, que o ar cobriu a cara do bebê. Todo o processo, sem dúvida, o perturbou, pelo que no momento em que ele teve ar para inalar e exalar ouviu-se claramente o protesto de uma "baleia" vindo de dentro do útero. Na mesma noite a mãe telefonou ao médico para dizer que quando ela se deitava para dormir a bolha de ar voltava à cabeça do bebê e ele estava a chorar tão alto que nem ela nem o marido conseguiam dormir."
(Cf. Day & Liley, Modern Motherhood, Random House, 1969, pp. 50-51).

4-  O abortista

                                  Fui certa vez ouvir uma conferência dada por um médico norte-americano chamado Bernard Nathanson, que, para começar, pousou as mãos abertas sobre a mesa e disse que aquelas mãos tinham feito muitos milhares de vítimas. Era um homem profundamente arrependido, que corria o mundo procurando resgatar alguma paz interior, um homem perseguido por terríveis remorsos. A utilização de uma nova tecnologia para estudar o feto no útero, quando se tornou diretor de um grande hospital de obstetrícia, fê-lo compreender a enormidade do seu erro.

                                  Pessoalmente responsável por 75 000 abortos, tinha sido pioneiro do abortismo nos Estados Unidos, fundando o N.A.R.A.L com o propósito de  revogar as leis americanas, que eram contrárias ao aborto. Em apenas cinco anos, de 1968 a 1973, apesar de a maioria dos americanos serem contra o aborto livre, conseguiu que este fosse legalizado até ao momento anterior ao nascimento. Como o conseguiu? No seu livro “The Hand of God” conta tudo:

«A primeira tática era ganhar a simpatia dos media. Convencemos os meios de comunicação de que permitir o aborto era uma causa liberal (…). Nós simplesmente fabricámos resultados de sondagens fictícias (...) - que 60% dos americanos eram favoráveis à liberalização do aborto (...). Poucas pessoas gostam de fazer parte da minoria (...). Enquanto o número de abortos ilegais era aproximadamente de 100 000, nós dizíamos incessantemente aos meios de comunicação que o número era de 1 000 000. A repetição de uma grande mentira convence o público. O número de mulheres que morriam em consequência de abortos ilegais era cerca de 250. O número que dávamos constantemente aos meios de comunicação era 10.000 (…)».

«A segunda táctica era atacar o catolicismo. Nós difamávamos sistematicamente a Igreja Católica e as suas "ideias socialmente retrógradas", e apresentávamos a hierarquia como o vilão que se opunha ao aborto. Esta música foi tocada incessantemente. Divulgávamos aos media mentiras como: "todos sabemos que a oposição ao aborto vem da hierarquia e não da maioria dos católicos", "as sondagens provam que a maioria dos católicos quer uma reforma"... E os media martelavam tudo isto sobre os americanos, persuadindo-os de que quem se opusesse ao aborto livre estava sob a influência da hierarquia católica e que os católicos favoráveis ao aborto eram esclarecidos e progressistas. O fato de que as outras religiões, cristãs e não cristãs, eram (e ainda são) completamente opostas ao aborto foi constantemente silenciado, assim como as opiniões dos ateus pró-vida.»

«A terceira táctica era obscurecer e suprimir toda a evidência de que a vida se inicia na concepção. Uma táctica favorita dos abortistas é a ideia de que é impossível saber quando se inicia a vida humana; que isso é uma questão teológica, moral ou filosófica; nada científica. Ora a fetologia tornou inegável a evidência de que a vida se inicia na concepção... (…) A permissividade do aborto é claramente a inegável destruição de uma vida humana (…). Como cientista, eu sei - e não apenas "acredito" - que a vida humana se inicia na concepção».
 
5- O gato e o guarda-chuva

                                  Há pessoas que teimam em levar periodicamente aos parlamentos a questão da despenalização do aborto.

                                  No nosso país - apesar de ainda recentemente, em referendo, a população se ter manifestado contrária ao alargamento do prazo em que os autores do aborto não são penalizados pela lei - já se vai falando em mais uma investida dos interesses pró-abortistas.

                                  Um dos processos do raciocínio, velho como o homem, diz-nos que a realidade das coisas não admite contradição: uma coisa é o que é e não outra coisa qualquer. Por outras palavras, um gato não pode ser um gato e ao mesmo tempo um guarda-chuva: ou é um gato ou é um guarda-chuva.

                                Portanto, a questão do aborto só admite duas possibilidades:

                                  A primeira é a de que o feto é realmente um ser humano - pequeno e indefeso - que está numa fase de desenvolvimento no ventre de uma mulher. Se assim for, o aborto é talvez o maior dos crimes, a acção mais horrível e monstruosa que os homens podem cometer. E os milhões de abortos cometidos anualmente no mundo constituem o mais sangrento holocausto da História: qualquer coisa tão macabra e ignóbil que de nenhuma forma pode ser admitida por uma pessoa de bem.

                                  A segunda possibilidade é a de que o feto não é uma fase do desenvolvimento do ser humano, mas é qualquer outra coisa. Por exemplo, como dizem alguns, uma parte anómala do corpo da mulher, uma espécie de tumor. Neste caso, pode ser eliminado em qualquer altura, sem que se perceba muito bem por que razão deve a lei meter-se no assunto.

                                  Segundo o tal velho princípio, a realidade não permite que aquilo que está no ventre da mulher seja um bebê no caso de os pais quererem a criança, e não passe de "um tumor" se os pais resolverem não receber a criança.

                                  Um dia, a mulher diz ao marido: Estou grávida; vamos ter uma criança. No dia seguinte resolvem que não querem ter o filho, e a mulher dirige-se a um abortista para que lhe retire um "tumor" do corpo. De um dia para o outro "aquilo" passou de criança a tumor... Então isto pode ser assim?

                                  Aquilo que a mulher traz dentro de si é uma realidade objetiva: os interesses do casal, ou de quem quer que seja, não pode mudar a realidade daquele ser. Ou é um bebê ou não é um bebê.

                                  Ora acontece que a ciência nos diz que "aquilo" é um ser humano em desenvolvimento dentro da mãe. Assim aprendem os nossos filhos na escola. De resto, também não era preciso que a ciência falasse: qualquer um vê que se um bebê, ao sair da barriga da mãe, é um bebê, não pode ser outra coisa antes de sair da barriga da mãe. Será mais pequeno, mas os bebês - por serem homens - também não se medem aos palmos...

                                  Depois de assim usarmos o raciocínio - começamos por nos ofender a nós mesmos se procedermos como seres irracionais - resta-nos aplicar aquela expressão, rude mas bela, que o nosso povo conservou: chamar os bois pelos nomes; chamar ao aborto "horroroso homicídio". E, depois, atuar de acordo com isso.
 
6- Que diz a ciência?

                                No século XIX descobriu-se que a partir da concepção tínhamos um novo ser humano e que, por isso, o aborto consistia em matar deliberadamente um ser humano inocente. Interessa, pois, saber se desde então foi feita alguma descoberta científica que anulasse ou questionasse as descobertas desse século.

                                Os livros a seguir citados são usados em cerca de 80% das Faculdades de Medicina dos Estados Unidos da América e em muitos outros países do mundo. Os sublinhados foram acrescentados ao texto.

o                                                                   "Zigoto. Esta célula resulta da fertilização de um oócito por um espermatozóide e é o início de um ser humano... Cada um de nós iniciou a sua vida como uma célula chamada zigoto." (K. L Moore. The Developing Human: Clinically Oriented Embryology (2nd Ed., 1977), Philadelphia: W. B. Saunders Publishers)

o                                                                   "Da união de duas dessas células [espermatozóide e oócito] resulta o zigoto e inicia-se a vida de um novo indivíduo. Cada um dos animais superiores começou a sua vida como uma única célula." (Bradley M. Palten, M. D., Foundations of Embryology (3rd Edition, 1968), New York City: McGraw-Hill.)

o                                                                   "A formação, maturação e encontro de uma célula sexual feminina com uma masculina, são tudo preliminares da sua união numa única célula chamada zigoto e que definitivamente marca o início de um novo indivíduo".  (Leslie Arey, Developmental Anatomy (7th Edition, 1974). Philadelphia: W. B. Saunders Publishers)

o                                                                   "O zigoto é a célula inicial de um novo indivíduo."  (Salvadore E. Luria, M. D., 36 Lectures in Biology. Cambridge: Massachusetts Institule of Technology (MIT) Press)

o                                                                   "Sempre que um espermatozóide e um oócito se unem, cria-se um novo ser que está vivo e assim continuará a menos que alguma condição específica o faça morrer:" (E. L. Potter, M. D., and J. M. Craig, M. D Palhology of lhe Fetus and lhe lnfant, 3rd Edition. Chicago: Year Book MedicaI Publishers, 1975.)
 
o                                                                   "O zigoto (...) representa o início de uma nova vida."  (Greenhill and Freidman's, Biological Principies and Modem Practice of Obstetrics)

                                Como já se disse o valor científico destas afirmações é inquestionável, pois constam dos livros adoptados pela maioria das Faculdades de Medicina dos EUA.

                                Em 1971 o Supremo Tribunal de Justiça dos EUA pediu a mais de duzentos cientistas, entre os mais prestigiados especialistas americanos, que elaborassem um relatório sobre o desenvolvimento embrionário. Esse documento diz o seguinte:


o                  "Desde a concepção a criança (1) é um organismo complexo, dinâmico e em rápido crescimento. Na sequência de um processo natural e contínuo o zigoto irá, em aproximadamente nove meses, desenvolver-se até aos triliões de células do bebê recém-nascido. O fim natural do espermatozóide e do óvulo é a morte, a menos que a fertilização ocorra. No momento da fertilização um novo e único ser é criado, o qual, embora recebendo metade dos seus cromossomas de cada um dos progenitores, é completamente diferente deles". (Amicus Curiae, 1971 Motion and Brief Amicus Curiae of Certain Physicians, Professors and Fellows of the American College of Obstetrics and Gyneco1ogy, Supreme Court of the United States, October Term, 1971, No. 70-18, Roe v. Wade, and No. 70-40, Doe v. Bolton.)

                                Em 1981 o Senado dos EUA estudou a chamada Human Life Bill. Para o efeito ouviu durante oito dias os maiores especialistas do mundo na questão (americanos e não só). Ao todo foram feitos cinquenta e sete depoimentos. No final, o relatório oficial dizia o seguinte:


o                  "Médicos, biólogos e outros cientistas concordam em que a concepção marca o início da vida de um ser humano - um ser que está vivo e que é membro da nossa espécie. Há uma esmagadora concordância sobre este ponto num sem-número de publicações de ciência médica e biológica." (Report. Subcommittee on Separation ofPowers to Senate Judiciary Committee 5-158. 97th Congress. 1st Session 1981. p. 7.) Sublinhados nossos.

 7- Quem mata já está morto

                                  A legalização do aborto é um fenómeno histórico tão horroroso como intrigante. Como é possível que uma sociedade negue a evidência da existência de uma pessoa no feto humano, legitime, proteja, e inclusive chegue a estimular as mães a matarem os filhos que levam no seio, contra toda a razão e justiça, contra a inclinação natural e espontânea da mulher e contra as próprias solenes declarações da inviolabilidade da vida? Fazem bem os que tentam despertar as consciências para tão aberrante legislação, mas a verdade é que, como em qualquer outro problema, não erradicaremos esta desgraça sem lhe descobrirmos as causas.

                                  Já nesta coluna e noutros locais aventei uma explicação que continua parecendo-me verosímil - a do pânico. Assim como uma rapariga pode entrar em pânico ao ver-se grávida, talvez se dê um pânico geral, de toda uma geração, perante as múltiplas ameaças que a assediam, desde a guerra nuclear ao "efeito de estufa", da poluição à explosão demográfica, do terrorismo à SIDA, etc., provocado por uma comunicação social especializada em cataclismos, crimes, fúrias multitudinárias, escândalos e suspeitas. Só esse pânico justificaria uma cegueira tal que nos tornasse insensíveis ao massacre de milhões de inocentes.

                                  Mantenho substancialmente esta opinião, que de certo modo atenuará as nossas culpas aos olhos das futuras gerações, e que explica a aparente inutilidade da mais elementar argumentação em favor da vida, pois quem entra em pânico não quer ouvir alertas nem razões, mas só escapar à vaga e aterradora "catástrofe" que julga iminente. Vejo, porém, uma outra explicação complementar e mais imediata: a desvalorização da vida humana. Neste ponto falta-me certamente originalidade, excepto possivelmente no sentido que pretendo focar - o de que aqueles que menosprezam a vida alheia começaram por desprezar a sua. Talvez não se tenha ainda reparado bem no que significa de auto-desprezo o crime de homicídio.

                                  Quero dizer que tanta ou mais compaixão merece quem mata do que quem é morto. Embora, à primeira vista, só se possa classificar de egoísmo feroz a eliminação "in ovo" da mínima probabilidade de um nascimento incómodo, vendo melhor, quem mata já está morto. Não vê nos outros indivíduos seres respeitáveis, porque já não se respeita a si mesmo, porque se considera a si mesmo um ser desprezível.

                                  Não imaginamos bem as consequências psicológicas de uma visão materialista do homem. Sem referência a Deus nem ao espírito, o ser humano é realmente insignificante, ou, quando muito, um animal tão admirável como a pescada, o estorninho ou a barata. A sua única "mais-valia" consistirá numa maior complexificação evolutiva, sofisticação orgânica que, no entanto, faria dele um ser de frágil e confuso comportamento e o mais perigoso dos predadores. E toda a nossa "filosofia de vida" se baseia nisto. Assim se educam as crianças, esse é o credo oficial da nossa cultura, tal é o pressuposto de qualquer divulgação científica. As maiores loas de exaltação evolucionista do homem não conseguem ocultar o que por baixo delas se confessa: "eu sou um bicho, tu és um bicho, ele é um bicho, nós somos bichos..."

                                  Ora os bichos matam-se uns aos outros. Por defesa e necessidade, é claro. Eis o grande e exclusivo princípio ético admissível... e que o homem ainda não assimilou. Só isso lhe falta para a sua evolução completa. Eis, portanto, o grande programa "educativo"...

                                  Não imaginamos a falta que nos faz o cristianismo. Embora o direito à vida de todas as pessoas seja um princípio acessível à razão, na realidade só o cristianismo o iluminou definitivamente e com toda a clareza, e lhe foi extraindo as consequências. Quando o homem se precata de ser amado por Deus, até ao ponto de se irmanar com o seu Filho, logo intui a grandeza da sua condição e a do semelhante, sem se escandalizar com a sua evidente mesquinhez física nem com a sua fragilidade moral. Pelo contrário, quem se esquece ou recusa a crer na filiação divina, e se julga tão-só um parasita do cosmos, não consegue ver no semelhante senão o que de si mesmo pensa. O horror do aborto organizado é precedido pelo horror de uma visão medonha da vida. E, como dizia antes, quem a padece suscita em mim maior compaixão do que as inocentes vítimas, que Deus acolherá na sua infinita misericórdia.

                                  Apoio as campanhas em curso contra a legislação abortista. Espero que surtam algum efeito positivo. Mas este problema não se resolve com elas. Suponho que só se resolverá parcialmente quando o nosso mundo encontrar alguma luz ao fundo dos seus escuros medos e recobrar alguma esperança de paz, e desaparecerá como fumo na medida em que a fé cristã volte a iluminar as nossas mentes.

8- Que é o síndrome pós-aborto?

                                  O que sabemos das consequências prejudiciais do aborto para a mulher? Aqueles que aconselham e executam abortos sempre afirmaram não haver efeitos psicológicos desfavoráveis importantes decorrentes do aborto e além disso nenhum trauma a longo prazo. O problema com tais afirmações é que essas pessoas, relacionadas ou não com clínicas de aborto e outras, adeptas dessa prática, nunca estão em condições de avaliar na mulher as consequêcias que se seguem ao aborto. Imediatamente após o acto, o pessoal clínico simplesmente manda a mulher para casa, e se ela a vier ter problemas, deverá ir procurar auxílio em outro lugar qualquer.

                                  Uma investigação mais sistemática demonstra que todas as reacções perigosas ao aborto ocorrem tardiamente. Este padrão de reacção retardada fez com que seja muito mais difícil de delimitar, avaliar e caracterizar o problema. A par disso, a comunidade de saúde mental tem sido muito lenta em reportar as reacções desfavoráveis ao aborto. Eu (Wanda Franz) sou de opinião que o aborto é um procedimento traumático, que tem repercussões negativas para a mulher, mas cujas manifestações objectivas podem ser retardadas.
                                  Recentemente terapeutas têm observado pavores irracionais e depressões ligadas às experiências abortivas e rotularam o problema como SÍNDROME PÓS-ABORTO (SPA).

                                  O Dr. Vincent Rue comparou-a à DESORDEM ANSIOSA PÓS-TRAUMÁTICA (DAPT), a qual a comunidade psiquiátrica reconhece como uma reacção a longo prazo encontrada nos veteranos da Guerra do Vietnam, que subitamente exibem comportamento patológico anos após a experiência vivida na guerra. O Dr. Rue acredita que a SPA‚é uma forma de DAPT. É significativo o fato de a Associação Americana de Psicólogos ter levado doze anos para reconhecer oficialmente a DAPT como uma entidade clínica.
Uma questão importante é: - todas as experiências abortivas são automaticamente "stressantes" ou apenas algumas mulheres têm problemas? Se apenas algumas mulheres sofrerão da SPA quais são as características daquelas mais susceptíveis?

                                  Essas são questões que não podem ser completamente respondidas agora. O Dr.Rue acredita que existam várias categorias de reacções. Que algumas mulheres respondem com grande trauma, outras com reações moderadas, enquanto que um terceiro grupo pode vir a nada sofrer posteriormente. A terapêuta Terry Selby, de outro lado, acredita que cada aborto produz um trauma na mulher.

                                  O aborto é, antes de tudo, um procedimento físico, o qual produz um choque no sistema nervoso e que deve provocar um impacto na personalidade da mulher. Além das dimensões psicológicas, cada mulher que se submeteu a um aborto deve encarar a morte de seu filho que não nasceu como uma realiade social, emocional, intelectual e espiritual. Tanto Selby como a Dra. Anne Speckhard trabalharam com mulheres que tentaram ignorar os efeitos do aborto e ambos acreditam que quanto maior a rejeição, maior a dor e a dificuldade quando a mulher resolve finalmente enfrentar a realidade da experiência abortiva.

                                  Para entender esta descoberta e ter alguma base para raciocínio e pesquisa da SPA, é necessário que entendamos a orientação teórica dos terapeutas e os seus "pressupostos". A primeira premissa é que existe um processo inconsciente em acção em cada pessoa e que controla os estados emocionais e em última análise o comportamento. Se uma verdade é por demais desagradável, é possível aos seres humanos suprimir ou reprimir a realidade na parte inconsciente de suas mentes de forma a não ter que conscientemente pensar nela. Isto‚é uma faculdade muito importante porque nos protege da necessidade de pensar constantemente sobre acontecimentos muito dolorosos.

                                  Uma segunda premissa postula que mesmo sendo possível reprimir fatos reais eles, apesar disso, continuam a afectar os nossos estados emocionais e o nosso comportamento. Quando existe excesso de rejeição a dor reprimida traumatiza-nos de alguma outra forma. De acordo com os clínicos, quando as mulheres que abortaram rejeitam ou reprimem a sua experiência, os desajustamentos podem incluir grande descontrole emocional quando próximas a crianças, um medo irrealístico a médicos, uma incapacidade de tolerar um exame ginecológico rotineiro, ouvir o som de um aspirador de pó ou serem sexualmente estimuladas, etc.

                                  O fato importante a ser entendido sobre essas manifestações é que elas são reacções irracionais a acontecimentos perfeitamente normais; e as mulheres não têm consciência da sua ligação com a experiência abortiva. É somente através da terapia que a ligação frequentemente emerge. Assim, a partir dessa perspectiva teórica, admite-se que mesmo mulheres lesadas pelas suas experiências abortivas podem, de boa fé, alegar não terem sofrido reacções adversas já que os sentimentos foram reprimidos, não havendo noção consciente dos mesmos. Além disso, de acordo com a mesma teoria, quanto maior a repressão, quanto maior a rejeição, maior é o dano à personalidade da mulher.

                                  Como foi mencionado antes, a terapeuta Terry Selby acredita que quanto maior for a negação, mais graves serão as reacções e mais doloroso será o tratamento. David Reardon, fez um levantamento a mais de 200 mulheres pertencentes ao movimento MULHERES VITIMADAS PELO ABORTO (WEBA), e também encontrou evidências nas suas observações de que quanto mais tarde a realidade é admitida, mais difícil é a resolução do problema. Assim, a conclusão é que cada aborto tem efeitos prejudiciais sobre a mulher.

                                  Os defensores do aborto advogam que somente as mulheres com problemas psicológicos anteriores têm dificuldade em suportar as experiências abortivas.

                                  As próprias mulheres discordam dessa proposição. Contudo, pode ser verdade que mulheres com problemas prévios sejam mais susceptíveis às reacções mais graves.

                                  Nós simplesmente não temos elementos para responder a essas questões de imediato. Podemos, entretanto concluir com certeza que essas mulheres deveriam ser protegidas de traumas futuros induzidos por experiências abortivas.

                                  Quais são os problemas que uma mulher que provocou um aborto deve encarar? Antes de tudo e principalmente a necessidade de enfrentar a realidade sobre o acto de provocar um aborto. A verdade é que quando uma mulher aceita submeter-se a um aborto, ela concorda em assistir à execução de seu próprio filho. Esta amarga realidade que ela tem de encarar opõe-se vivamente àquilo que a sociedade espera que as mulheres sejam: - pacientes, amorosas e maternais. Isso também vai contra a realidade biológica da mulher, que é plasmada precisamente para cuidar e nutrir o seu filho ainda não nascido. Assumir o papel de "assassina", particularmente do seu próprio filho, sobre o qual ela própria reconhece a responsabilidade de proteger, é extremamente doloroso e difícil. O aborto é tão contrário à ordem natural das coisas, que automaticamente induz uma sensação de culpa. A mulher, entretanto, deve admitir a sua culpa para poder conviver com ela.

                                  Existe uma escola de pensadores, adotada pela maioria dos promotores de abortos, que afirma que a admissão da culpa não é necessária. Eles sustentam que se uma mulher se sente culpada é porque alguém "colocou a culpa nela". O que eles sugerem é que isso acontece porque a mulher foi forçada pelos adeptos dos movimentos Pró-Vida a "assumir uma atitude de culpa" que cria uma dor desnecessária e que não leva a lugar algum. Presumem eles que a culpa não emerge do interior da mulher mas ao contrário é forçada para dentro dela. Contudo, a experiência das mulheres que se submeteram a abortos não está de acordo com essa afirmação. Ao contrário, as mulheres pertencentes ao movimento de MULHERES VITIMADAS PELO ABORTO relatam que a culpa se manifestou e cresceu com a própria experiência abortiva, foi parte da reacção própria ao aborto e não infundida nelas por outras pessoas.

                                  A primeira providência enfatizada pelos clínicos que trabalham com mulheres que se submeteram a abortos é fazer com que elas chorem pelo filho perdido. A realidade é que uma criança morreu e a resposta humana natural à morte é a tristeza. Se a mulher é impedida de assim reagir, ela terá dificuldade de encarar a realidade da experiência abortiva. Entristecer-se significa que ela tem noção do seu filho e que ela está a chorar por uma determinada pessoa que morreu. Obviamente isto é mais difícil para uma criança que nunca foi vista. Era um menino ou menina, qual a cor dos cabelos e dos olhos que ele ou ela teriam? O problema é ainda mais complexo no caso do aborto porque o corpo da criança é geralmente mutilado e é difícil para a mulher pensar na criança cujo corpo não mais existe.

                                  O Dr. E. Joanne Angello compara isso ao problema que enfrentam os pais de uma criança que teve morte violenta e cujo corpo não é encontrado, impedindo que ele seja velado ou enterrado. Como se pode resolver o problema? Em primeiro lugar, a mulher deve admitir que a criança está morta, de maneira que ela possa chorar por ela. Para chegar a este ponto a mulher tem que quebrar as suas rejeições para permitir o reconhecimento da culpa. A culpa pode ser então utilizada terapeuticamente para ajudá-la a aceitar o fato de que ela errou, pedir perdão e ser curada.

                                  Os terapeutas desenvolveram estratégias diferentes para ajudar a mulher. Por exemplo, Speckhard desenvolveu uma conduta fazendo com que a mãe visualize o seu bebê dando-lhe uma boneca para representar o filho que morreu. Ela é encorajada a dar um nome à boneca e falar com ela sobre os seus sentimentos e tristeza.
Isto dá-lhe uma oportunidade de se "desculpar" com o bebê morto pelo sucedido e começar a prantear a criança perdida.

                                  A abordagem de Selby requer que a mulher exteriorize a dor de sua experiência. Ela acredita que a mulher deva admitir como reais e libertar as emoções contidas e que nunca foram expressas por terem sido reprimidas pela rejeição. Isto pode ser um procedimento emocionalmente muito doloroso.
                                  Uma abordagem inteiramente diferente é contudo necessária para mulheres com um ano ou mais de experiência abortiva e que pedem uma alternativa ou um programa do WEBA. Elas geralmente já admitiram a sua culpa e sofrem por ela mas necessitam de alguém para as ajudar no sofrimento.

                                  Assim, existe uma variedade de problemas e necessidades e uma diversidade de estratégias para ajudar as mulheres no processo de cura. A respeito dessa diversidade existe algo que todos os terapeutas têm em comum. Trata-se de acreditarem que a cura deve ser encarada como um acontecimento espiritual. Frei Michael Mannion sintetizou a sua posição quando disse: -"O Autor da vida deve curar a perda da vida. "Somente pela aceitação do amor e perdão de Deus a mulher pode ser curada. Qual a natureza dessa cura? Pode ela apagar o aborto como se ele nunca tivesse ocorrido? A resposta a esta última questão é "não". Como uma mulher do WEBA afirmou: - "Pode-se ser curada da culpa mas a tristeza está sempre lá."

                                  O primeiro propósito da experiência de cura é superar os efeitos adversos da culpa não admitida mas o remorso pelo acto é para toda a vida. Por mais completa que seja a cura, a realidade do acto em si não pode ser apagado. O bebê abortado é uma pessoa humana real cuja ausência será sentida pela mãe e por aqueles ao redor dela enquanto eles viverem. Os novos relacionamentos que a mãe vier a desenvolver serão afectados pela presença da criança morta. Crianças nascidas subsequentemente ao aborto terão um irmão morto, cuja realidade terá sempre um impacto nas suas vidas. A experiência clínica de Angello com tais crianças tem sido considerável. Os pais destas crianças caracterizam-se por uma protecção patológica aos filhos, receando perdê-los por algum acidente ou doença. O desejo obsessivo de outros filhos é decorrente da necessidade de terem uma criança para colocar no lugar da que morreu. Esse comportamento é extremamente prejudicial à evolução e desenvolvimento normal dos filhos.

                                  Assim, os efeitos do aborto atingem a vida de cada indivíduo à volta da mulher, incluindo os seus amores e filhos futuros. Por exemplo, como é que alguém diz a seus próprios pais que um neto deles foi morto e que nunca participará de um Natal ou num passeio ao jardim-zoológico? Como se diz a um filho que nasceu depois a razão pela qual um irmão ou irmã morreram e, mais importante, porque ele, em particular, não morreu?

                                  Como explicar o aborto a um futuro marido que se deseja casar e ter uma família?

                                  Que dizer se a mulher ficou estéril? Seria a esterilidade causada pelo aborto?
                                  Estas são questões duras e que devem ser respondidas.    Felizmente, a mulher que se curou estará apta a lutar para superar esses problemas, mas nunca será fácil e sempre será doloroso.

                                  De que maneira são as mulheres vitimadas pelo aborto? Primeiro que tudo, nós sabemos que a maioria das mulheres que se submeteram a abortos teriam preferido outra solução para o problema. Elas são claramente vítimas de uma decisão tomada por outros. Contudo, muitas mulheres realmente escolhem o aborto. Podem elas ser consideradas vítimas? Os dados sobre a síndrome pós-aborto indicam que a culpa e a dor inerentes ao aborto em si mesmo vitimam a mulher. Como uma mulher, membro do WEBA disse: "-Uma vez que uma mulher se torna mãe, ela será sempre mãe, tenha ou não nascido o seu filho. O filho morto fará parte da sua vida por mais longa que ela seja." O aborto não é definitivamente uma "solução fácil" de um grave problema, mas um acto agressivo que terá repercussões contínuas na vida da mulher. É nesse sentido que ela é vítima do seu próprio aborto e temos obrigação para com todas as mulheres de lhes dizer esta verdade.


9- Sondagens...

                                  "Sondagens sobre o aborto de 1965 a 1998: Medição ou Influência sobre a opinião pública?"

                                  O Professor Raymond J. Adamek (Departamento de Sociologia, Kent State University) tenta arranjar resposta a esta pergunta através do seu trabalho
 .
                                  A sua análise sobre as maiores sondagens de opinião relativas à questão do aborto, durante aquele período, revela-nos que, pela forma como as questões são feitas, o que de fato está a ser medido não é a opinião pública acerca das actuais práticas e leis abortivas. O que, na realidade, está a ser medido é a sua opinião perante leis e práticas abortivas imaginárias. Isto deve-se ao fato de muitas questões não apresentarem de maneira correcta os fatos. 

                                  Umas dessas situações está exemplificada na maneira como essas questões tratam do tema "direitos". O Professor Adamek explica que analisou "todas as questões que, de 1965 a 1998, mencionavam explicitamente a mulher e o bebê (por nascer) e a palavra "direito(s)". Uma questão ilustrativa dos "direitos da mulher" é: "É a favor ou contra a decisão do Supremo Tribunal permitindo o direito de a mulher abortar durante os três primeiros meses da gravidez?"
(Yankelovich Clancy Shulman 4/5/89). 

"Encontrámos 66 itens que questionam os direitos da mulher em (escolher) abortar, mas nenhuma perguntando exclusivamente sobre o direito do bebê em nascer! Pendendo sobre um lado da questão dos direitos, as sondagens dão-nos uma incompleta e superficial imagem da opinião pública". 

                                  Outra área problemática é o fato de 65% das questões que se referem a decisões abortivas serem apresentadas como tendo envolvido o médico. Contudo, na realidade, menos de 25% das mulheres envolvem o médico no processo de tomar a decisão. Ora, como o Americanos aprovam a necessidade médica como uma justificação para o aborto, mencionando o médico na questão do aborto aumenta as respostas no sentido "pró-aborto". 


                                  Um bom concelho: não olhe apenas para os resultados das sondagens; olhe para as suas questões. 

9-
Uma questão indiscutível

                                  O problema é este: não se consegue discutir a questão do aborto. Os abortistas recusam-se mesmo a pronunciar-lhe o nome. O abortamento voluntário consiste na voluntária expulsão de um feto do seio da mulher. Pois eles insistem em falar de uma "interrupção da gravidez". Mas uma interrupção significa paragem. E a gravidez não pára. Ou continua, ou acaba. O verbo interromper não se aplica à vida, a nenhuma vida. Por isso o assunto se torna indiscutível: se eu falo de uma coisa e tu de outra (ou melhor: e tu de coisa nenhuma), como havemos de discutir?

                                  Eu digo: "O feto é um ser humano." E tu: "Não é." - "Então o que é?" - "Não sei." Como podemos discutir, se não nos entendemos sobre aquilo de que falamos? Ou então, respondes: "É um ser humano, mas não é pessoa." - "Qual a diferença?" - "De direitos." - "E quem lhos concede ou nega?" - "Somos nós." Isto faz algum sentido? Só dá uma lenga-lenga: não é pessoa porque não tem direitos; não tem direitos porque não é pessoa... Ou talvez respondas: - "É parte da mulher." - "Que parte? Um órgão, um tumor?..." Tu calas-te. E acaba de novo a conversa.

                                  No entanto, a discussão continua, como se fosse realmente um debate sobre o aborto. Invocam-se os direitos da mulher, por exemplo. Mas isso é outra questão. A do aborto é primordialmente sobre o feto. Quem é abortado é ele; não a mulher. Ou então fala-se do aborto clandestino... Mas isso é a questão da clandestinidade; não a do aborto voluntário. Ou compara-se a nossa legislação com legislações estrangeiras... Mas isso é uma questão de direito comparado. A do aborto é a da legitimação da expulsão de um feto. Ou diz-se que é uma questão de consciência... Sem dúvida: uma gravíssima questão de consciência! E esperemos que todas as pessoas conscientes assim a considerem. Mas classificá-la não é responder-lhe. Sendo uma questão de consciência, a pergunta é esta: "Achas em consciência que é justo matar o feto?" Aí é que está o cerne do debate. Nem fujas ainda mais, dizendo:

 -"É uma questão religiosa." Porventura invoquei algum credo religioso? Não classifiques; responde. 

- "Abaixo a hipocrisia!" De acordo. Mas qual? A de quem levanta claramente o problema, ou a de quem escapa a ele e o disfarça? - "Viva a liberdade!" Viva!

                                  Começando pela liberdade de nascer... - "A Igreja não dava sepultura religiosa aos fetos..." A Igreja aceita o que a ciência diz. Mas já excomungava quem os matava, só pelo fato de serem considerados "semente" de pessoa humana. De qualquer modo, que discutimos? O aborto ou a hipocrisia, o aborto ou a liberdade, o aborto ou a Igreja?... Por que será que os abortistas falam de tudo, menos do aborto?

                                   - "Porque não somos "abortistas", como dizes! Ninguém quer o aborto! O aborto é um mal! O que queremos é o bem estar da mulher e a saúde dos que nascem!" A saúde à custa da vida, e o bem estar à custa dos filhos? E chamas a isso um mal menor? Haverá algum mal maior do que a morte? "Ah, mas a Igreja aceitava a pena de morte!..." Certamente, dentro do princípio da legítima defesa, que aqui não se aplica. Mas deixa lá a Igreja; cinge-te ao tema; não te desvies. Além disso, o princípio do "mal menor" não significa que alguma vez seja lícito praticar um mal, mas apenas tolerar algum mal em prática, para evitar outro maior. Querias dizer "mal necessário"? Haverá algum mal "necessário"? Que ética será essa, capaz de justificar o mal? Por que será que os abortistas não conseguem colocar-se nunca no ponto de vista do sacrificado? 
                                   "Porque a questão do aborto são todas essas questões!" Talvez. Mas vê se não foges à principal... És capaz? Porque tudo o resto depende dela. Só argumentando que o feto não é um ser humano, ou que um ser humano inocente vale menos do que quem o concebeu, se pode debater o resto. Por isso, a partir da pergunta do próximo referendo, não se discutirá o aborto voluntário. A pergunta correcta e inteligível seria: "A mulher tem direito a lançar fora o feto, conforme lhe apetecer, nas dez primeiras semanas de gravidez?" Aliás, por que falam de despenalização, quando o que se pretende é uma legalização, a constituição de um direito de matar? A desconversa instalada é evidente. Os defensores da lei farão tudo para reduzir o debate a uma competição de "slogans". Os defensores da vida poderão vencer, mas os abortistas desviarão sempre do seu cerne o tal debate popular. Por que fogem da questão? Tentarei uma explicação num dos próximos artigos.

10-
O aborto e os filhos

                                   Muitos defensores do aborto entendem que a posição simples, boa, justa e natural é o aborto livre, seguro e legal. Muitos textos destas páginas provam que isso não é assim: o aborto nem é seguro nem é justo, e pelo meio deixa um país juncado de mulheres destruídas, casamentos desfeitos, ódios perpétuos, ralação paciente/médico envenenada, etc. 

                                  Os defensores do aborto insistem muito em que nada disso interessa: tudo deve ser uma escolha pessoal que não diz respeito a mais ninguém. Mas estão enganados: primeiro diz respeito ao filho que morre; depois, diz respeito à mulher que aborta a maior parte das vezes sem saber no que se está a meter; finalmente, diz respeito aos filhos que ficam! 

                                  Ao contrário do que pensam os seus defensores, as teorias pró-aborto não são uma imanência etérea que fica lá guardada dentro da sua cabeça. As teorias pró-aborto saltam cá para fora, matam, e entram-lhes pela casa dentro quando menos esperarem. 

                                  As perturbações psicológicas que sofrem os filhos dos defensores do aborto estão bastante estudadas é semelhante ao complexo de culpa de que sofrem alguns sobreviventes dos campos de concentração: "porque sobrevivi eu?".

                                  Mas para ter uma ideia mais concreta talvez lhe dê jeito pensar no seu filho de oito anos que um belo dia lhe perguntará: 

"Mãe: tu pensaste em abortar-me?"
"Pai, quando tu dizes que eu faço asneiras de mais, pensas que era melhor ter-me abortado?"
"Mãe, quantos irmãos deixei eu de ter por causa do aborto?"
"Pai, tu eras capaz de dar a vida por mim, ou eras capaz de dar a minha vida por ti?"
"Mãe, se eu fosse menos perfeitinho tinhas-me abortado?"
"Pai, eu valho alguma coisa agora? Porque não valia nada antes de nascer?"
"Mãe, tu gostarias de mim ainda que eu viesse na altura errada?"
"Pai, quando as pessoas complicam a vida de outras podemos matá-las? Se tu ficares velho senil e mijão, eu posso matar-te?"
"Mãe, se até as mães matam os filhos, quem protege os meninos?"
"Pai, tu gostas mesmo de mim ou eu tenho de me tornar naquilo de que tu gostas?"
"Mãe: quantos abortos fizeste?"
"Mãe, tu não achas que se não tivesses abortado depois ias gostar do bebê tanto como gostas de mim?"

                                  Claro que poderá dizer ao seu filho: isso são perguntas cuja resposta só podes perceber quando fores grande, que é a resposta típica dos pais surpreendidos em falta! Entretanto o seu filho crescia e como resposta ouvia: Às vezes a prova suprema de amor é aceitar matar o filho para o poupar a muita miséria e sofrimento.

                                   Naturalmente o seu filho adulto irá responder: Às vezes a prova suprema de amor é aceitar matar os pais para os poupar a uma vida inútil, vazia, acaso de sofrimento físico e psicológico. Quem sabe se para vocês não estará reservada, tudo por amor, claro!, a eutanásia!? É que esta já não significa "good death": significa "GOOD BYE"!

11- O argumento do aborto clandestino

                                  Alega-se habitualmente que a despenalização do aborto é necessária para acabar com as mortes que o aborto clandestino provoca.
Sobre isto diga-se o seguinte:


1. Quando se faz uma lei deve-se ter em conta o que é justo, ou antes a conveniência dos que infringem a lei? 

                                  O governo espanhol deve proteger a vida de todas as pessoas, ou deveria ter autorizado a circular em veículos blindados aqueles jovens suicidas que entravam nas auto-estradas fora de mão, de forma a que eles pudessem matar as outras pessoas sem risco?

Quantos criminosos são mortos em tiroteio com a polícia? Será isso motivo para legalizar os seus crimes? 

                                  O governo italiano deve proteger a vida de todas as pessoas ou deve antes dar condições a certos grupos mafiosos para que estes, nos célebres ajustes de contas, possam matar os grupos rivais sem que a sua vida
corra perigo?

                                  Quantos reféns e mortos resultam de assaltos a bancos?
Devemos legalizar o assalto a bancos?

                                  Todas estas analogias podem ser invalidadas provando que o bebê antes de nascer (ou antes das 20 semanas, ou das 12, ou...) não é pessoa. Mas onde está a prova, se todas as tentativas que se fizeram nesse sentido (gradualismo, não se sabe, funcionalismo) não chegaram sequer a convencer os próprios defensores do aborto?!?

                                  Além do mais a questão é muito simples: o aborto é aceitável ou não? Se o aborto é aceitável, a sua legalização resulta do fato de ele ser aceitável. Se o aborto é inaceitável, como podemos aceitá-lo?


2. O argumento do aborto clandestino baseia-se numa série de premissas que a seguir se discutem: 


«O aborto só é perigoso quando é feito sem condições de higiene e por pessoal incompetente. Se o aborto fosse feito em hospitais e por pessoal competente, não haveria mortes.» 


a) Esta premissa é completamente falsa! O aborto é um ataque medonho à saúde da mulher que aborta:

"Poucos riscos em obstetrícia são tão certos como aqueles a que a grávida se expõe quando aborta após a décima quarta semana de gravidez."
(Cf. Duenhoelter & Grant, "Complications Following Prostaglandin F-2A Induced Midtrimester Abortion," Amer. Jour. OB/GYN, vol. 46, no. 3, Sept. 1975, pp. 247-250)
                                   "Uma das razões que mais frequentemente levam as mulheres à urgência de ginecologia, são abortos feitos em clinicas de aborto legais."
(Cf. L. Iffy, "Second Trimester Abortions," JAMA, vol. 249, no. 5, Feb. 4, 1983, p. 588.)

                                   E quais são os problemas a que a mulher se sujeita quando aborta? Entre outros podem-se referir: 20% gravidez ectópica (numa gravidez "desejada" posterior), 8% infertilidade, 14% aborto expontâneo (numa gravidez "desejada" posterior), 5% parto prematuro (numa gravidez posterior), e muitas outras (como hemorragias, febres, coma e morte). 

                                  A coroar tudo isto, descobriu-se recentemente que uma mulher aborta hoje e morre daqui a dez anos com um cancro da mama que nunca teria. Só nos EUA morrem 10 000 mulheres  http://www.prolife.org/ultimate/feature.html] por ano com cancro provocado por um aborto. São dez mil mortes reais, dez mil dramas genuínos, que resultaram de uma lei que visava impedir as cinco mil mortes que os pró-aborto diziam resultar de abortos clandestinos, mas que mais tarde reconheceram ser um número forjado e sem nenhum fundamento. (É preciso recuar até aos tempos em que não havia penincilina, para se encontrar nos EUA mil mortes resultantes do aborto).

                                  Por causa de cinco mil mortes inventadas por pessoas mentirosas e sem escrúpulos, morrem hoje dez mil mulheres com um cancro que nunca teriam; outras suicidam-se no dia em que o seu filho abortado deveria nascer, outras morrem durante o aborto, outras morrem na sequência de hemorragias e infecções; algumas mais morrem na sequência de uma gravidez ectópica não assistida, outras ainda ficam estéreis ou inférteis, e todas as que sobrevivem carregam amargamente um drama que se abate sobre marido, pais, família e amigos. Se para a saúde física o aborto é pavoroso, se do ponto de vista psicológico o aborto é medonho, do ponto de vista familiar e de relações sociais é um completo desastre! 

b) Nos países que têm aborto legal há mais anos nota-se que o estigma que recai sobre os abortadores não diminui. Consequentemente, a médio prazo, só se dedicam ao aborto os médicos medíocres, sem grandes capacidades, aqueles que não conseguem mais nada... Pelo que acabamos muito perto do que se pretendia evitar: abortos feitos por incompetentes!
«As mulheres sofrem e morrem em abortos legais em parte porque o aborto é inerentemente perigoso, é um ataque violento, e em parte porque as pessoas que se dedicam a fazer abortos podem ser tão perigosos para a saúde das mulheres como alguns dos infames abortadores de vão-de-escada».
(Cf. Aborted Women: Silent No More, David Reardon, Chicago, Loyola University Press, 1987.)

«Os abortos clandestinos são feitos sem condições de higiene e por pessoal incompetente»

a) Que dados fiáveis sobre a situação portuguesa existem? Concretamente:         Quais são as qualificações académicas dos abortadores em Portugal? Quantos abortos clandestinos há? Quantos são feitos em caves fétidas? Será que a maioria dos abortadores clandestinos são funcionários de hospitais (médicos, enfermeiros, etc)? Ou será que só fazem abortos os mais rematados analfabetos porque todas as pessoas que percebem do assunto preferem ficar fora do negócio?! Quantos abortos são feitos por médicos competentes em clínicas e hospitais? Quantas mulheres chegam por dia às urgências dos hospitais com complicações resultantes de uma aborto clandestino? Já viu algum estudo que responda a tudo isto? 

b) Alega-se a necessidade de despenalizar o aborto, pois todas as pessoas sabem que os abortos clandestinos são feitos por pessoal incompetente e sem condições sanitárias, mas ao mesmo tempo ninguém considera possível uma análise científica destas certezas porque, pela sua clandestinidade, ninguém sabe onde eles se fazem nem por quem! Ou seja, toda a gente sabe aquilo que ninguém consegue estudar! 


«A despenalização do aborto acaba com o aborto clandestino»


a) Em 1984 legalizou-se -ou despenalizou-se- o aborto para acabar com o aborto clandestino. Acabou ou não? Se acabou, então não há aborto clandestino! Se não acabou, então está provado que a legalização não acaba com o aborto clandestino! 

b) A legalização do aborto implica -só!!- que o aborto passa a ser legal! Não implica, ao contrário do que se pretende fazer crer, que todas as mulheres vão passar a recorrer ao aborto legal! Umas o farão mas outras nem tanto!
Todos os defensores do aborto estão convidados a apresentar um país -um único!- onde a legalização do aborto tenha acabado com o aborto clandestino. No caso de não conseguirem, expliquem-nos então porque invocam o aborto clandestino a seu favor. 

c) E expliquem mais isto: nos países em que o aborto é proibido, as forças pró-aborto clamam contra as mortes causadas pelo aborto clandestino. Nos países onde o aborto é permitido até às 12 semanas, as forças pró-aborto clamam contra as mortes em abortos clandestinos depois das 12 semanas. Com argumentos destes, tendo sempre o cuidado de nunca verificar a veracidade das mortes alegadas, pode-se legalizar o aborto até aos nove meses! É isso que se pretende? Se é, porque o não dizem claramente? Se não é, como pensam parar o processo? Por acto de fé?

d) Se algumas mulheres morrerem na sequência do aborto do seu filho de 35 semanas, isso será motivo para legalizar o aborto até às 35 semanas? Porque é que a morte num aborto clandestino até às 12 semanas legitima a legalização do aborto até ás 12 semanas, e a morte na sequência de um aborto às 35 não legitima a legalização do aborto até às 35 semanas? 

e) E já agora registe-se:

O aborto na Índia é legal há 25 anos e por cada aborto legal fazem-se dez clandestinos. Como se explica isto? Quem garante que não acontecerá o mesmo em Portugal?

Todos os estudos que se seguem provaram que, depois da legalização, o aborto clandestino não diminui de forma significativa:
Quem nos garante que em Portugal será diferente?

f) Além do mais, este argumento supõe uma enorme simplificação sociológica... ou uma estratégia definida!...

                                  Alguém no seu juízo perfeito acredita que uma rapariga da província vai abortar ao hospital da terra, quando sabe que o pai ou a prima ou a vizinha trabalham lá? Ou quando pode encontrar nos corredores do hospital dez ou vinte pessoas da sua aldeia? E para a rapariga se deslocar a duzentos ou trezentos quilómetros, para abortar sem perigo de ser reconhecida, é necessário que o aborto lhe seja feito sem demora; quer dizer, é preciso que o aborto esteja muito facilitado, livre e a pedido, pois não há condições -nem de tempo nem geográficas nem humanas- para apurar se se verificam os pressupostos de uma lei do aborto... 

                                  E se o resultado final que se pretende -e que já se prevê!- é o aborto livre, o aborto a pedido, porque não há a honestidade de o defender claramente? Porque insistem os pró-aborto em empurrar a lei, suavemente, calmamente, sem dor, como se todas as pessoas fossem ovelhas estúpidas arrastadas ao matadouro?


«Depois da despenalização só aborta legalmente quem abortaria clandestinamente».

a) Num estudo realizado nos EUA, 72% das mulheres interrogadas afirmaram categoricamente que se o aborto fosse ilegal nunca o teriam feito. As restantes exprimiram dúvidas sobre se o teriam feito ou não. Somente 4% das interrogadas afirmaram que teriam feito o aborto ainda que ele fosse ilegal. (Cf. Aborted Women: Silent No More, David Reardon, Chicago, Loyola University Press, 1987.)

b) Mostra a experiência dos outros países que, depois de legalizado ou despenalizado, os números do aborto disparam para valores nunca vistos.
Portanto, o deputado ao aprovar uma lei do aborto não está --como já se viu-- a votar o fim do aborto clandestino: está a votar a favor da morte de bebês que de outra forma viveriam! O deputado pode ignorar isso ou pode sabê-lo mas preferir silenciá-lo. A verdade, porém, é que o seu voto levou a que fossem torturadas até à morte crianças que de outra forma não morreriam. À volta de 72% das crianças que forem mortas ao abrigo da sua lei, não morreriam no caso de o seu voto ser distinto.


«A penalização do aborto não acaba com o aborto»


a) Pois não! E a penalização do roubo acabou com o roubo? E a penalização da violação acabou com as violações? Ou será que devemos legalizar a violação?

b) Estudos sobre a psicologia da moralidade revelam que a lei é, verdadeiramente, um guia. Uma das conclusões mais significativas desses estudos mostra que as leis que existem, junto com os costumes, são o critério mais importante quando se trata de decidir o que é certo ou errado. A maioria das pessoas olha para a lei como um guia moral. Neste momento a lei está a ensinar que o aborto é moral e presumivelmente uma solução eficaz para solucionar os problemas que decorrem duma gravidez indesejada. Como resultado estão a ser destruídas milhões de crianças, e um número igual de mulheres estão a ser violentadas física e emocionalmente, enquanto que a compaixão da sociedade por ambas está a ser erodida.
(Cf. Aborted Women: Silent No More, David Reardon, Chicago, Loyola University Press, 1987.)

12- Aborto e maus tratos
"Eu defendo o aborto porque estou farto(a) de ver crianças abandonadas, maltratadas, a viver na miséria mais absoluta, na droga e na prostituição. Se todas as crianças fossem planeadas e desejadas, nada disto aconteceria e as próprias crianças seriam muito mais felizes."

1. O Dr. Philip Ney, professor de Psiquiatria da Universidade de British Columbia, publicou um estudo onde estabelecia claramente que o aborto -e a aceitação da violência que ele implica- levou a que tenha diminuído em muito a resistência psíquica, dos pais, à tentação de maltratar ou abusar dos filhos nascidos. (P. Ney, "Relationship Between Abortion & Child Abuse," Canada Jour. Psychiatry, vol. 24, 1979, pp. 610-620)

2. O Professor Edward Lenoski estudou 674 casos de crianças maltratadas que tiveram de receber tratamento hospitalar. Para sua própria surpresa descobriu que 91% das crianças tinham sido planeadas e desejadas. Em média, nos EUA, só 63% das crianças são planeadas e desejadas. As mães começaram a usar roupa de grávida, em média, no dia 114, enquanto que a média nacional é 171; finalmente, 24% dos pais colocaram ao filho o seu nome enquanto a média nacional é de 4%.  (E. Lenoski, Heartbeat, vol. 3, no. 4, Dec. 1980)

3. "Depois da legalização do aborto nos EUA, enquanto a taxa de homicídios aumentou 39%, a taxa de infanticídios (crianças de um até quatro anos) aumentou 73%." (Gus J. Sltman, M.D., University of Medicine and Dentistry of New Jersey, Robert Wood Johnson Medical School at Camden, letter to the editor, JAMA 269:2033, 10/21/92.)

4. "Desde que há aborto a pedido, o numero de crianças sujeitas a maus tratos tem aumentado continuamente"  (Philip G. Ney, M.D., "Is elective abortion a cause of child abuse?" Sexual Medicine Today, June 1980)

5. "Os defensores do aborto a pedido argumentam dizendo que todas as crianças devem ser desejadas -every child a wanted child-. Contudo, há razões para crer que o aborto a pedido não só não resolveu o problema das crianças indesejadas, negligenciadas ou maltratadas, como piorou o problema."(Philip Ney, M.D., "Relationship between abortion and child abuse," Canadian Journal of Psychiatry 24:610, 1979)

6. Na cidade de Aberdeen, na sequência de uma bizarria jurídica, o aborto foi legalizado 12 anos antes de ocorrer a legalização em todo o Reino Unido. Portanto, a cidade de Aberdeen deveria ter a menor taxa de crianças não desejadas e consequentemente a taxa mais baixa de maus tratos. Curiosamente, Aberdeen tinha, no Reino Unido, a mais alta taxa de crianças abandonadas, maltratadas e negligenciadas. (Annual Report, Chief Medical Health Officer, Aberdeen, Scotland, 1972)

7. No Japão existe aborto a pedido há mais de 35 anos. Seria de supor que todas as crianças fossem desejadas e bem tratadas. Contudo, "o numero de infanticídios tem aumentado tanto que as assistentes sociais tiveram que fazer um apelo às mães japonesas, na televisão e nos jornais, para que não matassem os seus filhos." (The Sunday Times, June 23, 1974)

8. "Mais de um milhão de crianças, em 48 Estados, foram vitimas de maus tratos e de negligência em 1994. Isto representou um aumento de 27% em quatro anos." (Child Maltreatment 1994: Reports from the States to the National Center on Child Abuse and Neglect) 

9. "As crianças deficientes ou retardadas não são mais vítimas de maus tratos que as crianças normais". (Lynch and Roberts, "Predicting child abuse: Signs of bonding failure in the maternity hospital," British Medical Journal 1:624, 1977)

10. "A esmagadora maioria das gravidezes não planeadas originam crianças desejadas". (Royal College of Obstetricians and Gynecologists of England.)

11. Parece que não restam duvidas: a legalização do aborto leva ao abuso, aos maus tratos e à negligencia das crianças, pelo que, para acabar com todos estes horrores é preciso acabar com o horror supremo, o abuso máximo, o extremo mau trato: o aborto! 

12. A escravatura foi sempre muito polémica. Depois de discussões infindáveis chegou-se à conclusão que tudo se resumia nesta questão: o que é que distingue um preto de um branco para que o primeiro possa ser escravizado e o segundo não? Ninguém conseguiu responder a esta pergunta e isso bastaria para a escravatura não ter base lógica. Nos EUA, o problema foi resolvido por uma votação do Supremo Tribunal de Justiça: por 7 votos contra 2 ficou estabelecido que os pretos não eram pessoas e por isso podiam ser escravizados. O resultado é conhecido: uma Guerra Civil e duas emendas à Constituição.

13. O aborto foi sempre muito polémico. Depois de discussões infindáveis chegou-se à conclusão que tudo se resume nesta questão: o que distingue um bebê por nascer do bebê nascido para que o primeiro possa ser torturado e morto e o segundo não? Ninguém conseguiu responder a esta pergunta e isso basta para que o aborto não tenha base lógica. Nos EUA, o problema foi resolvido por uma votação do Supremo Tribunal de Justiça: por, uma vez mais, 7 votos contra 2, ficou estabelecido que o bebê antes de nascer não é pessoa e por isso pode ser morto. Convinha que os defensores do aborto fossem razoáveis. Se defendiam o aborto para acabar com os maus tratos, devem ter a honestidade de combater o aborto quando se prova que este leva aos maus tratos!

14. Se não se consegue distinguir o bebê não nascido daquele que já nasceu, não há base lógica para, simultaneamente, defender o aborto e rejeitar o infanticídio. Assim, ou se rejeita a teoria do aborto para prevenir a miséria, ou matam-se as crianças miseráveis e defende-se o massacre da Candelária.

15. Não é muito mais justo defender a morte daqueles que já são miseráveis e mal tratados, do que defender a morte daqueles que poderão eventualmente vir a ser miseráveis e mal tratados?

13- Aborto terapêutico

                                  Para a maioria (totalidade?) dos pró-aborto a sua entrada nesse caminho medonho deu-se pela porta do aborto terapêutico. Grosso modo, parece-lhes que se uma mulher estiver em perigo de vida, por causa da gravidez, é lícito matar o bebê e ponto final. Mas se se pedir a um pró-aborto para explicar qual é a posição dos pró-vida neste ponto, ele não sabe explicar. 

                                  É uma pena que na base de uma decisão tão horrorosa esteja não a opção entre duas posições diferentes que se conheciam, mas a simples ADESÃO à única possibilidade que se vislumbrou. 

                                  Segue-se uma exposição da filosofia pró-vida no caso do chamado "aborto terapêutico". 

                                  "Analisando o problema da gravidez com intercorrência de enfermidade de natureza grave na gestante, sob o ponto de vista terapêutico, deparamo-nos, EMBORA NÃO FREQUENTEMENTE, com casos difíceis, que constituem verdadeiro desafio à formação científica e moral do médico. 

                                  Outrora ocorriam em maior número os casos obstétricos em que o agravamento do mau estado de saúde da gestante colocava o médico na constrangedora situação de ver esvaírem-se duas vidas humanas, sem dispor de recursos eficazes para tentar a salvação de ambas. 

                                  Na época actual, porém, aquela desconcertante situação de "expectativa com os braços cruzados" NÃO MAIS PREVALECE. Os extraordinários recursos de que dispõe actualmente a Medicina oferecem ao médico meios para prosseguir na luta em busca do fim almejado, isto é, a salvação do binómio mãe-filho. 

                                  Observa-se que, no concernente ao aspecto estritamente médico, as opiniões convergem cada vez mais na aceitação do fato de que se tornam CADA VEZ MAIS RARAS as situações patológicas em que se poderia concluir pela impossibilidade de evolução de gravidez até à viabilidade fetal. Em tais casos é difícil, se não impossível, afirmar que o aborto salvará a mãe. (...)                                    É comum e correcto afirmar que a gestante portadora da enfermidade de natureza grave pode ser tratada como se não estivesse grávida. Não quer isto dizer, obviamente, que não se envidem esforços para impedir que o feto venha a sofrer as consequências do tratamento materno. Para melhor segurança do concepto deve adiar-se, sempre que possível, os tratamentos mais drásticos até ao terceiro ou quarto mês de gravidez ou mesmo, sobretudo se houver necessidade de condutas radicais, até à viabilidade fetal, o que, infelizmente, nem sempre o processo patológico permite. (...) 

                                   É importante atentar bem na DIFERENÇA que existe entre a prática do aborto direto (atentado voluntário, deliberado e directo contra a vida fetal com o fim de salvar a mãe) e a prática terapêutica, clínica ou cirúrgica, aplicada à mãe como se esta não estivesse grávida, mas que, paralelamente, colocará em risco a vida fetal. Enquanto esta conduta é lícita, aquela NÃO o é. (...) 
                                  É evidente que os fins não justificam os meios. Interferir directa ou deliberadamente para tirar a vida do feto (acto mau) como meio de obter a cura da mãe (fim bom) é procedimento condenável, posto que direitos iguais - no caso, direito à vida - de duas pessoas diferentes não podem subordinar-se um ao outro. Ambas merecem o mesmo respeito aos seus direitos humanos inalienáveis, independentemente da maior fragilidade ou da maior força de um sobre o outro. (...) 

                                  Uma agressão direta contra a vida do concepto não se justifica, embora com o fim de melhorar as precárias condições de saúde da mãe; aceitar como justo tal procedimento implicaria legitimar a agressão a um ser humano indefeso em favor de outro mais forte ou mais influente. (...) 

                                  Todavia, a morte do concepto pode ocorrer como consequência não visada, embora prevista, do acto médico realizado para curar uma gestante portadora de enfermidade, cuja natureza grave não permita adiar o tratamento até à viabilidade fetal. 

                                  Assim, por exemplo, em uma gestante cardiopata, no primeiro trimestre da gravidez, com indicação de tratamento cirúrgico cardiovascular inadiável, o risco de [que ocorra um] aborto existe, mas não invalida a conduta cirúrgica que é legítima, pois visa a salvação da mãe e não constitui agressão directa ao feto. Se ocorrer, o aborto será indirecto, acidental, não visado nem desejado pelo acto médico, embora previsto. (...) 

                                  Até mesmo no carcinoma do colo uterino, o tratamento da mãe (histerectomia radical ou radioterapia intra-uterina) é lícito e pode ser efectuado, não obstante implicar a morte certa do concepto. Consequência esta indirecta, não visada, embora inevitável. A consequente morte do concepto constitui aqui o que se chama, em moral, "acto indirecto", isto é, o que não foi aceite, nem desejado, nem visado, quer como fim quer como meio de obter um fim, mas foi previsto como consequência possível ou certa, porém inevitável, de um acto directamente desejado (no caso, a destruição do câncer uterino pela retirada do órgão ou pela irradiação). 
                                  Nessas circunstâncias, a morte do feto ocorre "contra as intenções do médico, ainda que não contra as suas previsões". Fundamenta-se a licitude do acto no princípio do duplo efeito, assim compreendido: a) à pratica de um acto, moralmente bom ou indiferente, seguem-se dois efeitos paralelos, um bom e outro mau; b) apenas o efeito bom é visado pelo acto praticado; c) o efeito mau, embora inevitável, não é desejado nem visado pelo acto, sendo apenas previsto e tolerado; d) o efeito mau não se constitui no meio de se obter o efeito bom; e) o efeito bom é consequência directa do acto praticado, não sendo, portanto, secundário nem consequente do efeito mau; f) o efeito bom visado é suficientemente importante para tolerar-se o efeito nocivo previsto. 

                                  Assim, em mulher portadora de câncer do colo uterino, a conduta terapêutica acima referida (acto bom) visa a cura da doente (fim bom). O fato de a paciente (...) estar grávida não lhe tira o direito ao tratamento adequado, ainda que, paralelamente à consequência boa (cura da mãe), se preveja como inseparável uma consequência má (morte do feto). 

                                  Como vemos, o direito ao tratamento não é postergado na mulher grávida, podendo esta ser sempre tratada, desde que não se atente directamente contra a vida do concepto e se envidem todos os esforços para preservá-lo, sempre que seja possível. 

                                  A morte do feto, se ainda assim ocorrer, não infringe neste caso nenhum princípio deontológico, nem constitui objecto de atenção de nenhum Código de Ética Médica ou Código Penal, sendo pacífica e universal a sua aceitação do ponto de vista moral e legal. (...) 

                                  Vemos, pelo exposto, que a moral de modo algum impede que seja a gestante enferma tratada adequadamente. 

                                  O apelo ao chamado "aborto terapêutico" como meio de salvar a vida da gestante NÃO CONSTITUI RECURSO CIENTÍFICO, sobretudo nos dias actuais, em face das modernas conquistas da Medicina. "
(Cf. João Evangelista Alves, Dernival Brandão, Carlos Tortlly Rodrigues Costa e Waldenir de Bragança, "Considerações em torno do problema da gravidez com intercorrência de enfermidade grave na gestante e o chamado abortamento terapêutico", Revista da Associação Médica Brasileira, vol 22, n1, Janeiro de 1976, p.21-28.)

                                  Como se viu, atentar directa e intencionalmente contra a vida do concepto, mesmo quando está em perigo a vida da mãe, é inaceitável. O que é aceitável já foi explicado. Contudo, na base da fé pró-aborto de muitas pessoas está a ideia de que em caso de estar em causa o direito à vida, da mãe, pode-se matar DELIBERADA E INTENCIONALMENTE o filho.
Daqui é fácil saltar para: "No caso de estar em causa UM direito IMPORTANTE da mãe, pode-se matar deliberadamente o filho". Mas direito "importante" é muito vago e por isso cada pró-aborto cada sentença! 

                                  Depois, os pró-aborto não conseguem defender o seu conceito de "importante" (nem sequer uns perante os outros) pelo que saltam para: "No caso de estar em causa UM (qualquer) direito da mãe, pode-se matar deliberadamente o filho." Não é que quisessem algumas vez defender isto, nem é que isto pareça acertado à maioria: aceitam isto porque é necessário para manter uma posição defensável. 

                                  Mas estão enganados: a posição continua completamente indefensável e por isso, os filósofos pró-aborto - que já descobriram a indefensibilidade da posição - avançam na justificação do infanticídio. Tempo perdido! Também aí não conseguirão encontrar a estabilidade desejada, e venham as crianças!... 

                                  Mas como foi possível chegar a esta confusão toda? Por um erro inicial, um "pequeníssimo" erro: a ideia de que em caso de perigo para a vida da mãe, pode-se matar deliberadamente o filho. 


14- Apoio à vida

«Não pararemos enquanto for possível encontrar nas nossas cidades uma mulher que diga: "Eu abortei porque não encontrei quem me ajudasse" »

(Madre Teresa de Calcutá)


15- Bebê Vegetal?

                                  Os pró-aborto evitam falar sobre o bebê antes de nascer e, quando o fazem, falam dele como se fosse uma pedra amorfa que magicamente ganha características de pessoa mal nasce (ou mal atinge a viabilidade, ou às doze semanas, ou qualquer uma dessas metas arbitrárias tão ao gosto dos defensores do aborto).

 
                                  Na verdade o bebê que os pró-aborto descrevem aparece como algo destituído de inteligência, de personalidade, de intencionalidade, de psicologia, que está numa cápsula algures em Cefeu ou Orionte, onde nada - rigorosamente nada!- há para explorar e, portanto, o bebê vive num longo bocejo: tal como se fosse um vegetal.

                                  Este tipo de atitude é vital para os pró-aborto, uma vez que a mãe só poderá ter direito a abortar em qualquer caso se o bebê não tiver direito à vida em caso nenhum. Há pois que criar a imagem de um bebê desumanizado, reduzido à condição de apêndice, massa de células, parasita ou vegetal.

                        A título de exemplo, quando perguntaram a um defensor do aborto da nossa praça se ele tinha consciência de que o aborto destruía uma vida, ele respondeu que "uma couve também é vida".

                                  Mas há muitos exemplos mais. Um slogan muito vulgar nos EUA diz que "a gravidez é uma doença transmitida por via sexual"; ou, se se quiser, "a gravidez é uma doença venérea". Portanto, não temos um bebê, um ser-humano, uma pessoa, mas uma vida semelhante à vida do Herpes ou ao vírus da SIDA.

Sobre isto tudo há duas coisas a dizer: 

1- Do ponto de vista científico, nem os bebês antes de nascer são os vegetais que os pró-aborto desejavam nem os bebês depois de nascer ficam substancialmente diferentes do que eram uns momentos (ou semanas, ou meses) antes: o bebê está num processo de envelhecimento como qualquer um de nós. 

2- Do ponto de vista filosófico, ainda que os pró-aborto tivessem razão na descrição do bebê-vegetal, isso não faria do bebê uma "não-pessoa", potencialmente executável. 


                                  Seguem-se, pois, alguns apontamentos do bebê na sua vida intra-uterina para que se possa apreciar até que ponto esse bebê é um vegetal.

                                  "Há onze anos, quando estava a dar uma anestesia por causa de uma gravidez ectópica que rompeu a trompa (aos dois meses), tive oportunidade de ver aquilo que creio ter sido o mais pequeno ser-humano alguma vez visto. Dentro da bolsa de líquido amniótico (que estava intacta) um rapaz nadava com extremo vigor. Este minúsculo ser-humano estava perfeitamente desenvolvido e tinha longos dedos de dactilógrafo. A sua pele era quase transparente e as artérias e veias delicadas eram proeminentes na ponta dos dedos. O bebê estava cheio de vitalidade e nadava toda a bolsa, aproximadamente, uma vez em cada segundo, com braçadas de nadador experiente. Este rapazinho não se parecia de forma alguma com as fotografias e desenhos de embriões que eu até aí tinha visto. Tão pouco ele se parecia com os embriões que tenho visto desde então: obviamente, porque este estava vivo." 
(Cf. P.E. Rockwell, M.D., Director of Anesthesiology, Leonard Hospital, Troy, New York, U.S. Supreme Court., Markle vs. Abele, 72-56, 72-730, p. 11, 1972.)

                                 
Em Fevereiro último pretendeu-se LIBERALIZAR a morte de bebês QUATRO semanas mais velhos que este. Quatro semanas mais velhos que um rapazinho cheio de vitalidade e que nada com braçadas de nadador experiente...

16- Conclusão

1. A partir do momento da concepção, do ponto de vista biológico, temos um ser vivo. A expressão "ser vivo", aparece nesta frase com o mesmo valor e significado com que aparece na frase "A Rainha de Inglaterra, do ponto de vista biológico, é um ser vivo".

2. Este ser vivo está individualizado.

3. Este ser vivo pertence a uma espécie definida: a espécie à qual pertencem todos os seres humanos. Portanto,

4. A partir do momento da concepção, do ponto de vista biológico, temos um ser vivo, individualizado e humano. Estas palavras têm todas exatamente o mesmo valor e significado com que aparecem na afirmação "A Rainha de Inglaterra, do ponto de vista biológico, é um ser vivo, individualizado e humano".

                                   Está completamente fora de dúvidas que o aborto mata um ser humano. Aos defensores do aborto resta explicar como se pode defender a morte arbitrária de seres humanos inocentes.

(1) No original: "From conception the child (...)". Muitas pessoas pretendem que o aborto não mata um bebê: o que mata é um feto. É curioso notar que duzentos especialistas americanos elaboraram um texto onde começam por se referir à "criança" e não ao feto ou ao zigoto. Também no livro de Baruch Brody, Abortion and the Sanatity of Human Life, MIT Press, 1975, ele afirma que enquanto não conseguir distinguir feto de criança rejeitará a palavra feticídio usando indistintamente a palavra homicídio.

.(PESQUISA INTERNET)

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